segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Povo da Estrada


Dê-me espaço, pois quero passar.
Deseje-me sorte, pois vou viajar.
Deixo-lhe uma rosa vermelha em seu altar.
Para que de mim possa lembrar.
Mas não pense que eu me fora definitivamente.
Pois um dia posso voltar.
Sempre com um largo sorriso estampado em meu rosto,
pois tristeza em mim não há.
Eu sempre fui caçado, molestado e julgado,
por ser diferente, mas sou resistente,
como o bronze e a prata, e minha alma
reluzente como o ouro que me guarda.
E por muitas estradas eu sigo,
sempre levando tantas e tantas cores,
para ao mundo alegrar,
sempre à cantar, para o mal espantar,
e sempre à sorrir, pois nunca vou desistir.
Se a ti não te cativastes, não há problema,
Desejo-lhe a mesma sorte
que alimento por aqueles que me são caros,
pois rancor e ressentimentos,
não guardo no peito, nem mesmo daqueles
que me julgam inimigos.
E assim vou seguindo,
Entre mares e montanhas,
Entre fio e calor,
Entre perdas e conquistas,
Mas uma única coisa não muda,
O orgulho de representar meu povo, minha bandeira,
Minha origem, mesmo que me julguem,
que não me aceitem.
O meu olhar é esperançoso, e minha alma grata e feliz,
Por representar um povo tão bonito.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O Pescador




Nas entranhas do pescador está a vida
O desejo incessante da sobrevivência
A vontade de fazer valer todo o seu esforço
O sonho de ser muito mais que imaginamos
Em cada alvorada ele se entrega de corpo e alma
Abraça o imenso azul do mar
Azul de mistério, azul infinito
E assim passam os seus dias
Mas o verdadeiro pescador nunca se entrega
A cada manhã ele renasce, se renova
Jogando sua rede, que tão rapidamente ganha o mar
Em busca de novos sonhos
Nunca valorizamos o que conseguimos
Nunca é o bastante os sonhos já conquistados
Sempre almejamos o que existe em outros mares
Aquilo que não nos é permitido ter e saber
E assim esquecemos de cuidarDas águas que correm em nossos mares

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O Palhaço do Amor


Ele é palhaço
Mas não se pinta
Ele é palhaço
Mas não se veste a caráter
Ele é palhaço
Mas não está a divertir as pessoas
Ele é palhaço
Mas nem sabe que o é
O circo onde atua
Não possui trapezistas
Malabaristas e nem qualquer espécie de animal
O seu palco é todo peculiar
E nele só há espaço
Para um único espetáculo
O das desilusões amorosas
E mesmo que este tão sentimental palhaço se fira
Ele continua o seu espetáculo
Mesmo que este corte seu coração
Mesmo que este lhe arranque
Tantas e tantas lágrimas
Mesmo que este lhe cale
Quando tal palhaço deseja falar
E assim vive o palhaço do amor
Procurando sempre onde sitiar
O seu circo solitário e frustrante
Talvez um dia o destino permita
Que o circo deste derrotado e angustiado palhaço vingue
Ou talvez a vida não lhe proporcione
O sucesso mesmo que breve
Que todo artista procura
Ele é palhaço
Mas ao menos sabe que o é

domingo, 20 de janeiro de 2008

Um Outro Reino


As lágrimas tocam o chão
Então me ajoelho
Ante a dor e o desespero
Os cabelos se embaraçam
Diante do leve toque do vento
As folhas das arvores
Antes em repouso
Tremulam como bandeiras
Anunciando o que há por vir
O corpo desfalece
A alma
Antes fortemente protegida
Como um soberano império
Torna-se translúcida, fraca
Opaca como o olhar
De quem aceita a derrota
O belo e melancólico
réquiem do fim é tocado
por tantas outras almas
que juraram lealdade
à um só rei
que lhes dá
a brevidade da vida terrena
da vida ilusória
em troca da conquista
de tantas outras almas
que entregues
logo aceitam
subjulgar-se à este reinado
onde todos caminham de cabeça baixa
e então o ciclo perdurará
pela infinidade do universo
caso as lágrimas de tristeza
continuem a tocar o chão
abrindo sempre os portais
para este outro reino

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Santa Catarina


Terra distante, tão distante
Mas há de se esperar para sonhar
Terra de jardins mais floridos
Que os jardins daqui
Terra de pássaros que voam mais alto
Que os pássaros daqui
Terra de gente sorridente e contente
Terra que não é a minha terra
Mas que conquistou o meu coração
Aqui, onde estou
Encontra-se o meu corpo
A minha carne
Apenas a carne
Meu coração, ainda não voltou
E nem sei ao certo se voltará
Santa Catarina
Terra de olhos verdes
Grandes e belos
Tão belos
Olhos que dizem mais que palavras
Santa Catarina
Terra de gente tímida
Tão tímida que conquista
Gente quieta
Que nos faz querer saber
O que pensam
E desta terra
Quero conhecer mais
Ainda mais...
Santa Catarina
Desta terra
Levo seu doce e sutil sorriso
E a beleza deste lugar
Que me conquistou

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O Dia Vindouro


Rufam os tambores
Gritam os clarins
Está anunciado
O dia vindouro
Com o tão esperado crepúsculo
Há tanto por vir
Ainda há pelo que lutar
Deixe o teu leito onde dormira
O mais esperado de teus sonos
Onde vistes o mais dourado
De todos os teus ‘’sois’’ de tua vida
Não hesitastes em tal momento
Pois a vida não espera
Irás cortar o vento
Assim como a faca corta a carne
Terás apenas longas horas
Como companhia
Serás merecedor do que procuras?
Conseguirás suportar-se no pilar
Que vai de encontro?
Ora, parece que me enganei
As duvidas lhe farão companhia
Assim como as horas
Longas horas
E tudo pode mudar
Mas se não mudar
Terás de ser forte
Assim como o moribundo
Que resiste ao último suspiro
E assim recomeça a jornada
Rufam os tambores
Gritam os clarins
Está anunciado o dia vindouro...

domingo, 30 de dezembro de 2007

O Homem do Sol de Todo Dia


O sangue que tange a terra
A terra em que jaz o homem
O homem que luta pela terra
No final morre de fome
Os sonhos que vão por terra
A vida que se vai com o sangue
O homem que morre em vida
É apenas mais um escravo da tirania
Seus trajes em farrapos
Seu corpo em chagas
Feridas abertas
Castigado pelo sol de todo dia
À sua vida, ele renuncia
Para saciar a fome de sua família
Seu futuro?
Não existe o amanhã
Para o homem
Que só conhece o sol de todo dia
Mas ainda sim ele caminha
Em busca de alguma alegria
Mesmo que esta seja tardia
Pois o seu destino
Ele já o conhece
Enfrentar o sol de todo dia
E para quem da vida nada espera
Morrer sonhando
Em busca da felicidade
É menos doloroso
Do que o despertar
De mais um dia
Que vem lhe castigar
Sem piedade
Sem dó
Sem misericórdia
Essa é a vida
Do homem
Do sol de todo dia